Cheguei cedo ao escritório para escrever o “Alinhamentos” desta semana. O assunto é a discussão em volta da eutanásia. O texto já ia longo quando recebi um telefonema de uma jornalista minha amiga. Como as conversas são como as cerejas, a determinada altura falei-lhe do assunto que estava a tratar para esta secção do jornal. Então, ela partilhou comigo um pequeno texto do jornalista Rui Osório, que já tem alguma idade e se encontra bastante doente. Apaguei tudo o que tinha escrito e optei por partilhar com os leitores o texto dele, porque resume tudo o que vos queria dizer. Sobre este assunto, Rui Osório escreveu na passada quinta-feira o seguinte:
“A idade já me pesa e as fragilidades doem-me muito. Haja quem me dê um pouquinho de dignidade para viver. Mesmo frágil, gosto tanto da vida! Ficar-vos-ia muito grato. Não tenho pressa em partir e façam o favor de não me empurrar. Não gritem tanto a morte com dignidade. Se teimarem, digam-me lá o que é isso. Prefiro que alguém me aperte a mão na hora da despedida e não me dê a cicuta. A amizade é o prenúncio da ressurreição. Isso, sim, é dignidade. Não a neguem aos frágeis…”