Que condições têm o vereador e genro do ex-presidente da Junta, Renato Almeida, e o novo executivo da Junta de Freguesia de Gandra, para continuarem a trabalhar com Alexandre Almeida? A pergunta é colocada pela bancada do PSD na Assembleia de Freguesia de Gandra, em comunicado. Em causa a renúncia de José Mota, até agora presidente da Junta de Gandra, ao mandato, devido a divergências com o presidente da Câmara de Paredes, Alexandre Almeida.
Depois de não terem podido falar na Assembleia de Freguesia Extraordinária realizada na passada sexta-feira, os eleitos do PSD perguntam ainda “onde está a solidariedade de Renato Almeida e de Sílvia Sá Pinto com o presidente de Junta que ajudaram a eleger?” e o que é que ambos “fizeram ou pensam fazer para defender os interesses de Gandra?”.
“Ao não renunciarem aos seus mandatos, Renato Almeida e o executivo da Junta de Freguesia de Gandra, demonstram estar do lado do presidente da Câmara que, de acordo com o professor José Mota, pretende prejudicar Gandra”, apontam os social-democratas. Pedem ainda a Alexandre Almeida, Renato Almeida e Sílvia Sá Pinto que esclareçam o que é que José Mota quis dizer com a expressão “negociatas”. “Esta é uma questão demasiado grave que não pode ficar sem resposta porque, a ser verdade que o Alexandre Almeida está a prejudicar a cidade de Gandra, Renato Almeida e Sílvia Sá Pinto demonstram estar coniventes com o presidente da Câmara”, alega o comunicado enviado.
Por outro lado, a bancada do PSD pede à nova presidente da Junta de Freguesia de Gandra, Sílvia Sá Pinto, até agora tesoureira do executivo, que “com carácter de urgência” esclareça a população sobre “a sua posição relativamente aos motivos que levaram à renúncia do professor José Mota e que, segundo ele, prejudicam a freguesia e põe em causa os valores que lhes foram transmitidos”. Apelam a que a nova autarca, “de forma a adquirir a legitimidade política que não lhe foi conferida pelo povo” nas urnas se comprometa com três temas: dê a garantia de que “as Águas de Gandra são e continuarão a ser de Gandra e dos gandarenses e que, em nenhuma circunstância permitirá que as mesmas sejam agregadas aos SMAS” Paredes, que devem arrancar em Janeiro; que lutará ”intransigentemente pelo património da nossa freguesia, em particular com os terrenos que são propriedade da Junta de Gandra e que fazem fronteira com a freguesia vizinha de Recarei, mesmo que Alexandre Almeida lhe venha, também, a retirar a confiança política”; e que assuma a “concretização integral dos 12 compromissos da candidatura do PS em 2021 até ao término do presente mandato”.
Os eleitos pelo PSD em Gandra, com 1616 votos em 2021, queixam-se ainda de ter sido impedidos de intervir em Assembleia de Freguesia Extraordinária e de não ter sido dada voz também ao público presente.
Face às declarações proferidas por José Mota sobre a retirada de confiança política pelo presidente da Câmara, a bancada do PSD na Assembleia de Freguesia de Gandra recorda que “a campanha do Partido Socialista em Gandra foi pessoalizada na pessoa de José Mota”. “Consideramos que, com esta retirada de confiança, o presidente da Câmara Municipal retirou a confiança política aos 1895 eleitores que confiaram o seu voto na candidatura do Partido Socialista”, sustentam.
Dizem ainda acreditar que as “verdadeiras razões” para a renúncia são “a perda do hospital veterinário e o consequente curso de medicina veterinária para a cidade de Paredes, a perda de um polo da CESPU (também para Paredes) e com isso a saída de cerca de 800 alunos de Gandra; a perda de terreno para a freguesia vizinha de Recarei, situação criada pelo PS no mandato anterior que tudo fez para impedir que a Junta de Freguesia de Gandra, liderada pelo PSD, pudesse legalmente alienar; e a eventual perda da nossa água para os serviços municipalizados”, lê-se ainda no comunicado.
Contactado, Alexandre Almeida remete-se para as declarações já proferidas e não responde a questões. Também Renato Almeida se remete ao silêncio. Já Sílvia Sá Pinto explica que apenas prestará declarações na próxima Assembleia de Freguesia, a 27 de Dezembro, esclarecendo as dúvidas da população e da bancada do PSD.
Recorde-se que José Mota justificou a saída com divergências com Alexandre Almeida e com o facto de não aceitar “vender” a terra. Em causa, uma reunião a que foi convocado na Câmara Municipal para debater o litigio por um terreno que existe com a Junta de Recarei. O presidente da Câmara, Alexandre Almeida, terá alegadamente apelado à concórdia, dizendo que aquele terreno “também era de Recarei”, apesar de a decisão de um recurso de uma providência cautelar apontar a Junta de Gandra como proprietária. “Não aceitei que Gandra, a minha terra, fosse prejudicada. Abandonei essa reunião e, por isso, perdi a confiança política do presidente da câmara. Ele disse-me de caras, ‘se abandonar a reunião perde a minha confiança política’”, assegurou José Mota em Assembleia de Freguesia.