Verdadeiro Olhar

Profissionais e antigos administradores homenageados nos 15 anos do Hospital Padre Américo

A festa dos 15 anos do Hospital Padre Américo, em Penafiel, foi feita de homenagens. Cerca de 127 colaboradores com mais de 25 anos de carreira receberam um diploma de mérito. Foi ainda inaugurada uma galeria dos antigos presidentes que lideraram esta unidade hospitalar.

Segundo o novo presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, onde está integrado este hospital, é “preciso fazer justiça” às pessoas que têm trabalhado para o sucesso da instituição. “Este é um registo público do nosso agradecimento a estes profissionais. Mais que celebrar os edifícios é preciso valorizar o trabalho das pessoas que é o que mais interessa numa unidade hospitalar”, acrescentou Carlos Alberto.

Quatro dos cinco antigos administradores do Hospital Padre Américo marcaram presença na sessão.

A ocasião serviu ainda para a Irmandade dos Clérigos entregar um donativo de 15 mil euros à Liga dos Amigos do Hospital Padre Américo.

“Temos que melhorar a forma de tratar os nossos utentes”

Em dia de festa, o novo presidente do conselho de administração do CHTS lembrou os bons indicadores do centro hospitalar que tem a segunda maior urgência do Norte do país (a seguir ao Centro Hospitalar de São João) e tem na sua área de influência mais de 500 mil pessoas. “Desde a primeira hora estabelecemos com as autarquias e com os ACES relações estreitas de colaboração”, adiantou Carlos Alberto. O médico acrescentou ainda que há “algumas carências do ponto de vista da humanização a trabalhar”. “Temos que melhorar a forma de tratar os nossos utentes”, defendeu.

Por outro lado, o administrador hospitalar confessou que o Hospital de Amarante é “uma prioridade”. “Aquela unidade está muito bem equipada e aos poucos estamos a fazer crescer a actividade naquele hospital, o que já vinha a acontecer nos últimos anos”, salientou. “Nos próximos meses haverá uma dinâmica diferente, seja ao nível dos meios complementares de diagnóstico quer da cirurgia de ambulatório. Aquele hospital é de proximidade”, disse.

Na sessão, esteve o presidente da Administração Regional de Saúde do Norte, que caracterizou este como “um centro hospitalar de excelência, com indicadores invejáveis e bons profissionais”. Pimenta Marinho referiu que, apesar das restrições orçamentais na área da saúde, tem vindo a aumentar o acesso dos cidadãos aos diferentes níveis de cuidados de saúde. “Quase toda a população da região Norte tem acesso a uma equipa de saúde familiar e 160 novos médicos de família foram já colocados”, adiantou, referindo que, espera continuar a colocar, até ao início do próximo ano, novos profissionais para que não haja ninguém sem médico de família no Norte do país.

Além disso, o presidente da ARS Norte revelou que foi iniciado o processo de construção de novas unidades num investimento de oito milhões de euros.

O presidente da Câmara Municipal de Penafiel também marcou presença. “O Hospital Padre Américo é importante pelo papel que tem na área da saúde e pelo impacto que tem na actividade económica da região”, afirmou o autarca.

“É um orgulho muito grande ter cá esta unidade e ver que é muitas vezes apontada nos lugares cimeiros dos rankings. Nenhum percalço, o que é normal acontecer em instituições desta dimensão, tem sido capaz de retirar o brilho ao trabalho extraordinário que tem sido feito”, defendeu Antonino de Sousa.

 

Os olhares dos antigos administradores

Qual a principal marca da sua gestão?

“Quando fui nomeado para dirigente do Centro Hospitalar do Vale do Sousa, que posteriormente deu origem ao Hospital Padre Américo, a realidade não era animadora. Os edifícios eram degradados e mal equipados, com erros clamorosos de organização. Fazia-se uma gestão de manutenção, para evitar a ruptura dos serviços e dignificar a actividade dos profissionais e as condições com que os doentes eram recebidos. Isso passou por intervenções pontuais na estrutura física, mas o grande desafio foi a motivação interna dos profissionais para uma realidade que alguns anunciavam como próxima. (…) A mudança devia ter sido preparada com mais antecedência. Mudar para um hospital novo não é mudar de edifício. É preciso mudar metodologias e práticas. Penso que isso não foi feito”.

José Freire Soares, presidente do conselho de administração entre 1993 e 1995

 

“Fui o presidente da comissão instaladora. Estive cá durante todo o processo de construção do hospital, inaugurei-o e ainda estive mais quatro anos à frente dele. Tínhamos um hospital com 300 funcionários e quando saí já tinha 1000 funcionários, foi um grande processo de crescimento. Foram 10 anos de luta, em quatro mandatos, com muitas dificuldades, sobretudo na indefinição de estatuto.  Primeiro fomos um hospital convencional do estado, depois estivemos para ser uma unidade local de saúde, uma entidade pública empresarial e não fomos nada disso… fomos uma SA e só depois uma EPE. Mesmo assim conseguimos levantar este hospital com todos os funcionários que tivemos aqui comigo, uma equipa fantástica. Aqui está a prova do que fizemos. Houve uma grande melhoria na saúde”.

António Pereira de Magalhães, presidente do conselho de administração entre 1995 e 2005

 

“Para além de ter sido responsável pela abertura deste hospital, enquanto presidente da ARS Norte, a partir de 2005 tive a responsabilidade de gerir da melhor forma a equipa e, a partir de 2007, o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, que também foi uma das minhas grandes missões. O que guardo foi a grande capacidade que o hospital teve de crescer durante o meu mandato; de prestar mais serviços e mais rápidos à comunidade; de ter sido capaz de formar mais especialidades médicas dentro do hospital; de ter crescido como escola de saúde. O hospital desde essa altura mantém um elevado número de alunos de saúde e, mais recentemente, está envolvido num projecto de criação de um curso de medicina. Foi um trabalho duro e difícil em que tivemos que incutir as boas práticas. Recordo que fomos o primeiro hospital acreditado pela qualidade pelo Joint Comission International em 2008. Recordo ainda o grande espírito de equipa que conseguimos criar e que permitiu que o hospital se projectasse a nível nacional e até internacional. No jantar de Natal eram sempre mais de 700 funcionários, numa casa que na altura tinha 1200 e que tem sempre pelo menos 150 ocupados nas urgências”.

Alberto Marques, presidente do conselho de administração entre 2005 e 2010

 

“Houve duas coisas muito positivas. Uma conseguir abrir o Hospital de Amarante e outra a reabilitação do Serviço de Urgência, que estava numa situação péssima. Quando eu saí faltava apenas terminar a ala pediátrica. Essas foram a obras mais marcantes do meu mandato. Penso que este hospital tem todas as condições para servir a população desta região. Estes 500 mil habitantes merecem ter alguma medicina diferenciada neste centro hospitalar, acho que é esse o caminho que as administrações a seguir a mim procuraram trazer à gestão do hospital. Concordo que é preciso apostar no Hospital de Amarante, sobretudo no ambulatório. Aquele tem que ser um hospital de proximidade para que as pessoas não tenham que fazer quilómetros”.

José Luís Catarino, presidente do conselho de administração entre 2010 e 2013

Uma longa história ao serviço da saúde na região

Em 1979, nasceu o Centro Hospitalar do Vale do Sousa, pela integração dos hospitais das Misericórdias de Paredes e Penafiel. Servia os concelhos de Felgueiras, Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel. Os serviços estavam distribuídos pelos dois edifícios: em Penafiel existiam urgências, traumatologia, cirurgia, análises e raio X; e em Paredes a medicina interna, pediatria, obstetrícia, ginecologia e cardiologia.

Em 1993, foi aprovada a mudança de nome para Hospital Padre Américo. O novo edifício começou a ser construído em 1997 e terminou em Maio de 2001. A nova unidade hospitalar foi inaugurada ainda antes do final do ano pelo na altura primeiro-ministro António Guterres.

Em 2007, o Hospital Padre Américo do Vale do Sousa e o Hospital de São Gonçalo de Amarante juntam-se para criar o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa que serve uma população de cerca de 500 mil habitantes.