Consta dos instrumentos previsionais de gestão da Ambisousa – Empresa Intermunicipal de Tratamento e Gestão de Resíduos Sólidos do Vale do Sousa para 2022 a aquisição de um terreno, com cerca de 70 mil metros quadrados, num investimento superior a um milhão de euros, para a instalação de uma unidade de valorização orgânica de resíduos na zona industrial de Parada/Baltar, em Paredes.
A empresa que gere os resíduos nos concelhos de Castelo de Paiva, Felgueiras, Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel, prevê que a empreitada, orçada em 17,5 milhões de euros, tenha início este ano.
Recorde-se que, recentemente, o presidente da Câmara de Paredes anunciou que será “em breve” apresentado o estudo de impacto ambiental requerido, face à contestação e receios levantados pela população da freguesia de Baltar, quando a construção da unidade se tornou pública, em Junho do ano passado. Questionada, a Ambisousa refere que “a candidatura foi aprovada pelo POSEUR para aquela localização, pelo que se mantém o local” e que “o estudo está presentemente em fase de conclusão”, sendo que “oportunamente” serão divulgados os resultados.
“Será um importante passo na sustentabilidade, eficiência energética e preservação ambiental para a região”
“Face aos desafios futuros em matéria de valorização de bio-resíduos (resíduos alimentares + resíduos verdes), os quais terão obrigatoriamente que ser recolhidos de uma forma selectiva a partir de 2024, a Ambisousa pretende construir uma Unidade de Valorização Orgânica”, lê-se nos documentos de gestão previsional.
Segundo a empresa, a unidade terá uma capacidade para tratamento de 25.000 toneladas/ano de bio-resíduos, “correspondendo a uma abrangência da totalidade dos resíduos estimados recolher selectivamente nos municípios da Ambisousa”. Como já foi referido aquando do anúncio do equipamento, “o tratamento dos bio-resíduos na futura unidade será por digestão anaeróbia com produção de um digerido que será sujeito a compostagem posterior e permitirá a produção de um fertilizante natural a utilizar agricolamente”. Também “o biogás gerado no processo será valorizado através da produção de biometano a injectar na rede de distribuição de gás natural e da sua utilização como combustível para abastecimento da frota de viaturas”.
Candidatura só apoia 45% dos 17,5 milhões de euros do investimento
A Ambisousa recorda que a unidade teve o acompanhamento da Agência Portuguesa do Ambiente e da Secretaria de Estado do Ambiente e “será um importante passo na sustentabilidade, eficiência energética e preservação ambiental para a região”. Está orçada em quase 17,5 milhões de euros, sendo que através da candidatura ao POSEUR foi atribuído um apoio máximo de oito milhões de euros, “cerca de 45% do custo total do investimento”.
No documento, a empresa intermunicipal explica que a aquisição dos terrenos com cerca de 70000 metros quadrados “está prevista para 2022, com um custo estimado de 1.050.000 euros”. A empreitada arranca este ano.
O concurso internacional já terminou e estará próximo de serem conhecidos os resultados.
Recorde-se que quando o projecto veio a público, em Junho do ano passado, a população e a Junta de Freguesia de Baltar mostraram-se contra a construção desta unidade.
Devido à polémica gerada, o presidente da Câmara de Paredes apelou à realização de um estudo de impacto ambiental que foi requerido pela Ambisousa, “com celeridade máxima” e “com o envolvimento da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).
O investimento foi justificado na zona empresarial de Parada/Baltar “pelos bons acessos, por ser uma zona industrial em que a unidade se enquadra e por permitir a injecção directa do biogás que será produzido na rede de gás natural”. Quando estiver a funcionar em pleno, o equipamento vai tratar 25 mil toneladas de bio-resíduos por ano, gerando 1,2 milhões de metros cúbicos de biometano (biogás) e 8.200 toneladas de composto (fertilizante). A promessa é de que será um equipamento moderno e sem impactos no ambiente. Funcionará num “pavilhão fechado sem possibilidade de emissão de gases ou cheiros”.