Mais de 700 alunos da EB 2,3 de Lordelo, em Paredes, ficaram sem aulas, esta sexta-feira, devido à greve do pessoal não docente.
Além de reivindicarem aumentos salariais e descongelamento de carreiras, motivos que levaram à realização de uma greve nacional que está a afectar sobretudo os sectores da educação, saúde e justiça, os trabalhadores desta escola pedem um reforço de pessoal.
O trabalho tem sido assegurado por apenas 17 funcionários, quando o número de alunos exigia que fossem 28. A situação persiste há cerca de dois anos e os trabalhadores garantem que têm feito um esforço para manter o normal funcionamento da escola, mas dizem-se cansados e esperam que a situação seja resolvida antes do início do próximo ano lectivo.
Escola devia ter 28 funcionários não docentes, mas só tem 17
Há mais de dois anos que há falta de trabalhadores não docentes na EB 2,3 de Lordelo, como acontece em várias escolas da região e do país.
Dos 20 funcionários que asseguram a vigilância das crianças, a limpeza da escola e ainda serviços administrativos, da reprografia ou da portaria, por exemplo, apenas 17 tem estado ao serviço, estando três de baixa médica prolongada. Ainda assim, o número fica abaixo do rácio previsto na lei. Pelo número de alunos, a escola deveria ter 28 trabalhadores não docentes, garantem os dirigentes sindicais.
Berta Correia, funcionária da escola e delegada sindical, diz que tentaram, por todas as vias, primeiro junto da Câmara Municipal de Paredes (que tinha essa competência até Agosto de 2016) e depois junto da DGESTE – Direcção Geral dos Estabelecimentos Escolares, que a normalidade fosse reposta, mas sem sucesso.
A greve surgiu como último recurso. “Não aguentamos mais a falta de pessoal. O volume de trabalho é superior ao que conseguimos suportar. A escola continua a estar limpa, com os jardins cuidados e os meninos a serem vigiados, mas estamos cansados desta situação. Não se aguenta trabalhar tanto durante tanto tempo”, lamenta Berta Correia, funcionária da EB 2,3 de Lordelo há 21 anos.
“Temos trabalhado muito para não se notar a falta de pessoal e já tentamos de todas as formas possíveis resolver a questão. Mas talvez só incomodando os pais se consiga chamar a atenção para o problema”, acrescenta.
Por isso, os 713 alunos do 5.º ao 12.º (a escola tem cursos profissionais e vocacionais) ficaram hoje sem aulas. O mesmo aconteceu com cerca de 150 do centro escolar n.º 2 de Lordelo.
A maioria dos alunos foram surpreendidos pela situação. Como trabalha à porta da escola, Ermelinda Cardoso avisou a neta, que frequenta o 6.º ano, para que não viesse. “Acho bem que façam greve e que reivindiquem os seus direitos, mas não acho justo que o façam a duas semanas do fim das aulas, quando há meninos que têm testes”, disse.
Além de chamar a atenção para a situação, os trabalhadores esperam que haja, pelo menos no início do próximo ano lectivo, um reforço do pessoal, em pelo menos seis funcionários.
“Os trabalhadores sentem-se discriminados. As escolas aqui à volta têm problemas idênticos, mas têm sido colocados trabalhadores temporários para os resolver, enquanto aqui isso não aconteceu”, explica Lurdes Ribeiro, dirigente sindical do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte.
O problema afecta escolas de todo o país. “Há muitas escolas sem assistentes operacionais. Por exemplo, em Vila Nova de Gaia não há uma única escola com todos os trabalhadores de que precisa”, afirmou a sindicalista. Ao mesmo tempo, os profissionais mais antigos, muitos com mais de 20 anos de serviço, ganham o salário mínimo, o mesmo vencimento que qualquer profissional que comece agora a sua carreira, lamenta.