A Alegoria da Caverna, de Platão, que aqueles que tiveram oportunidade de frequentar a escola aprenderam, apresenta-nos homens vivendo numa caverna iluminada apenas por uma fogueira, desde a infância, acorrentados de costas para a entrada. Habituados desde sempre àquela realidade, contentavam-se com a visão das sombras distorcidas, único assunto de conversa, que para eles eram a única realidade. Conformados, ali estavam, sem sonhos e sem lutas. Certamente que e vida fora da caverna seria melhor, mas essa era totalmente desconhecida.
Perdoem-me os filósofos, mas a parábola, para além de outras leituras, parece-me adequada para transmitir a ideia de que as pessoas se acomodam às situações em que se encontram, olham com receio para a mudança e, por vezes, até ridicularizam as novidades, acreditando que o que sabem e fazem é o melhor e o mais correto.
Mas, num mundo global, em que as realidades são modificadas com extrema rapidez, as atitudes de resistência à mudança, por conservadorismo, por falta de conhecimento ou informações, levam inevitavelmente à estagnação. Porque, como bem reflete o filósofo Heráclito, para quem acordar-se é morrer, não havendo perigo maior que a acomodação: “Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio, pois na segunda vez o rio já não é o mesmo, nem tão-pouco o homem”.
O ser humano não pode deixar-se transformar no prisioneiro da caverna. Curiosidade, coragem e determinação são essenciais para descobrir novas realidades, formas diferentes de atuar e percecionar as coisas. Sem medo.
Há milhares de pessoas em Lousada ansiosas por verem para além da caverna, depois de quase três décadas com as mesmas sombras e a mesma fogueira. Eu sou uma delas. Anseio pela mudança. Àqueles para quem a luz da fogueira parece suficiente, desafio-os a ousarem e abrirem uma brecha para que as novas ideias e novos projetos possam entrar. Estou convencida de que o projeto político de Leonel Vieira trará uma nova luz para Lousada. E não falo de mudar apenas por mudar, falo do melhor projeto político para Lousada dos últimos 30 anos!
Julgo que há uma alturas na vida em que é preciso ousar, ver para além da caverna. Termino com um excerto de um poema da “Mensagem”, de Fernando Pessoa, belíssimo, que corrobora a minha reflexão.
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp´rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte –
Os beijos merecidos da Verdade.