Correndo o risco de ser politicamente incorrecto, e olhando para os candidatos que disputam a eleição, parece-me que ainda vamos ter saudades de Cavaco Silva. A começar pela região. Foi a primeira vez que um Presidente da República dedicou um dos seus roteiros à indústria do mobiliário, ao têxtil, ao calçado. Até no Art on Chairs, projecto organizado pela Câmara Municipal de Paredes, Cavaco Silva deu o seu contributo para a promoção do mobiliário deste concelho.
Cavaco Silva não foi às Seychelles passear-se numas tartarugas-gigantes, nem deu duas vezes a volta ao mundo como Mário Soares, mas percorreu o país inteiro, através da iniciativa Roteiros, chamando à atenção para o país real e para os problemas e dificuldades de cada região ou sector.
Dedicou-se a combater o pessimismo que proliferava na sociedade, valorizando os bons exemplos de pessoas e instituições que combatem a violência doméstica, a exclusão e a discriminação. Realçou jovens cientistas e investigadores, deu como exemplo empresários empreendedores. Mostrou que, mesmo em tempos difíceis, os portugueses são capazes de mostrar vitalidade, dinamismo e ultrapassam crises.
Muitas vezes, obrigou a comunicação social a ir a locais e a conhecer pessoas que sistematicamente ignora, só porque são bons exemplos nacionais.
Aníbal Cavaco Silva também cometeu erros, alguns de palmatória. Mas, no deve e haver, o saldo será certamente bastante positivo. Dificilmente o candidato que será eleito no próximo domingo terá uma visão tão patriótica do seu mandato.