Verdadeiro Olhar

“A noite” de Saramago no palco do Centro Cultural de Paredes

A peça de José Saramago “A noite”, escrita em 1979 e cuja ação se desenrola durante a noite de 24 para 25 de Abril de 1974, sobe ao palco do Centro Cultural de Paredes, este sábado, dia 1 de fevereiro, às 21h30.

A interpretar “A noite”, estão Diogo Morgado, Jorge Corrula, João Didelet, Elsa Galvão, Ricardo de Sá, Luís Pacheco, Henrique de Carvalho, Sara Cecília e João Redondo.

Saramago dedicou a peça à atriz, dramaturga e encenadora Luzia Maria Martins (1927-2000), fundadora do Teatro Estúdio de Lisboa, precursora do teatro independente em Portugal, que “o achou capaz de escrever” para palco, como recorda a produtora na apresentação da obra.

A trama desenrola-se na redação de um jornal, em Lisboa, na noite que antecede a Revolução dos Cravos, e a ação centra-se numa discussão entre Manuel Torres, um redator de província que defende a verdade jornalística, e o seu chefe de redação, Abílio Valadares, submisso à ditadura e à censura existentes em Portugal. Ao lado de Abílio Valadares está o diretor do jornal, Máximo Redondo.

Manuel Torres é “um idealista que vai lutar para que a verdade volte às páginas do ‘seu’ jornal e que não tolera ver manietado por terceiros, está em confronto sistemático com o chefe. Aliados com Manuel Torres estão Cláudia, uma jovem estagiária, e Jerónimo, linotipista e chefe do turno da noite.

O conflito agrava-se quando na redação surge uma informação de que, nas ruas, poderá estar em curso uma revolução. O chefe de redação proíbe que se noticie qualquer informação, aumentando a tensão na equipa, já que Manuel Torres e Jerónimo exigem a confirmação da informação, dos factos e, caso se provem, que sejam notícia de primeira página na edição do dia seguinte.

A agitação e o nervosismo crescem então no seio do jornal. Do outro lado da “barricada”, o diretor e o chefe de redação tudo fazem para desvalorizar a alegada convulsão social, na certeza de que não irão imprimir notícia alguma, nem que para isso tenham de alegar uma avaria nas máquinas dos linotipistas.

Está instalada uma micro-revolução na redação. Mesmo depois de provados os factos, qual será a verdade que irá vencer? Haverá alguma notícia na primeira página da edição do dia seguinte?

O aumento da incerteza com o que se passa nas ruas é proporcional ao que se passa na redação e às interrogações que a situação vai levantando. O único a manter-se sereno é Faustino, contínuo do jornal, e que sabe mais do que parece.

Direção artística é de Paulo Sousa Costa e Pedro Matias e a cenografia está a cargo de José Teles

A direção técnica é de Bruno Lucas e do técnico de som Fernando Lopes, o desenho e a técnica de luz de Ariene Godoy e a criação de imagem, o vídeo e voz off de Pedro Matias.

A produção é da Yellow Star Company. Os bilhetes têm um custo de 12.50 euros e estão disponíveis na bilheteira do CCP – Centro Cultural de Paredes e online em BOL.