É verdade que a Constituição da República Portuguesa afirma que os deputados representam todo o país e não os círculos por que são eleitos e que devem exercer o seu mandato livremente. Mas também é verdade que são eleitos por um partido e pelas pessoas de um distrito, já que não são organizados numa única lista nacional. Por isso, para além de representarem todo o país, devem lealdade ao partido pelo qual foram eleitos e aos seus eleitores. Mais de um quarto dos eleitores do círculo eleitoral do Porto, encontra-se nos concelhos de Lousada, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Valongo, que não terão um único representante na lista social-democrata.
Na verdade, parece-me que Rui Rio não desconsiderou apenas a nossa região. Escondido atrás do eufemismo “renovação”, Rio fez uma limpeza de todos os aqueles que não lhe manifestaram apoio na eleição para líder do partido.
Quem conhece Rui Rio sabe que, para além da arrogância que o impede de ouvir outras opiniões, ele sofre da síndrome da perseguição, que o impede de pensar no país. Por isso, num processo completamente desequilibrado, sem ponderação, sem bom-senso, varreu da lista de deputados não só aqueles que se opuseram à sua eleição, mas também todos aqueles que se opõem à sua incompetência enquanto líder.
A confirmarem-se os resultados indicados pelas várias sondagens, parece-me mais do que provável que Rui Rio caia depois das eleições legislativas. Nessa altura, perceberemos que Rui Rio fez mal não só ao seu partido, mas também ao país: não haverá alternativa ao Governo e o Governo não terá oposição séria.