A APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima apoiou mais pessoas e fez mais atendimentos em 2020 do que em 2019. Os dados constam do relatório anual da instituição, hoje divulgado, revelam que foram feitos um total de 66.408 atendimentos e foram apoiadas 13.093 vítimas directas, “tendo estas sido alvo de mais de 19 mil crimes e outras formas de violência”.
O mesmo documento mostra que, no ano passado, 362 vítimas de crime dos concelhos de Lousada, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Valongo recorreram aos serviços da APAV. É uma descida face ao ano anterior, em que 386 pessoas desta região procuraram a ajuda da instituição.
Paços de Ferreira, onde existe um gabinete de apoio à vítima da APAV, houve 155 vítimas registadas. Seguem-se os concelhos de Valongo e Paredes, com 79 e 73 vítimas, respectivamente. Em Penafiel foram 30 as pessoas apoiadas e em Lousada 25.
A nível global, a maioria dos crimes continua a estar ligada aos crimes contra pessoas (95%) e à violência doméstica (75,4%), sendo as vítimas sobretudo mulheres.
Média de 38 chamadas por dia
Nos 69 serviços de proximidade da APAV em todo o país foram apoiadas, em 2020, vítimas directas oriundas de 290 municípios dos 308 existentes (94% do território nacional), quer presencialmente quer via telefone ou online. A média foi de 38 chamadas por dia.
“O número de referenciações efectuadas para a APAV, reforçam o reconhecimento da associação junto das comunidades locais e das restantes instituições com as quais articula. Os Órgãos de Polícia Criminal, que na sua globalidade representaram cerca de 20% das referenciações assinaladas, foram disso exemplo. Seguiram-se as referenciações de amigos/as conhecidos/as vizinhos/as, que, em 2020, se aproximaram dos 14%”, diz o relatório.
“Os contactos telefónicos (61,6%) e presenciais (29,6%) continuam a representar a principal dimensão dos contactos efectuados, contudo, no apoio online, verificou-se uma subida de 5,9% face ao ano anterior com um registo de 17,7% dos contactos efectuados. Foi também percebida a subida percentual dos contactos telefónicos face aos presenciais, com uma elevação de 4,2%. O aumento da utilização de ferramentas de apoio à distância, como o telefone e o apoio online, poderá ter sido condicionada pelas restrições vividas em 2020, em consequência da situação pandémica”, reconhece a instituição no documento.
Quanto ao perfil da vítima, mais de 70% são do sexo feminino, com uma média de idade de 40 anos. Já do total de 13.133 autoras/es de crime referenciados/as, cerca de 56% eram do sexo masculino e tinham idades compreendidas entre os 35 e os 54 anos (21,1%), lê-se. “As relações entre autor e vítima de crime, são comummente pautadas por relações de intimidade, como sejam os caso do/a cônjuge, do/a companheiro/a, ex-cônjuge, ex-companheiro/a, ex-namorado/a e namorado/a e, em 2020, totalizaram, no seu conjunto, mais de 44% das relações estabelecidas. Porém, também as relações de consanguinidade se mostraram significativas, tendo como disso exemplo os casos em que o autor/a é filho/a da vítima (7,2%) ou ainda, os casos em que o autor/a é pai/mãe da vítima (8,3%)”, conclui o relatório da APAV.
Em 2020, o tipo de vitimação continuada (52%), com uma duração entre dois e seis anos (26,8%) prevaleceu face às restantes. Em mais de 10% dos casos a violência durou mais de 20 anos. Os locais de crime mais referenciados, foram a residência comum (54,1%), entre vítima e autor do crime, seguindo-se a residência da própria vítima (16%) e o lugar/via pública (10,6%).
Em cerca de 46% das situações foi formalizada queixa /denúncia junto de pelo menos uma entidade policial, representando um aumento de 4% face aos registos de 2019, termina o documento.