Quer ser candidato? É certo que qualquer português com mais de 35 anos e no gozo de todos os seus direitos civis e políticos pode ser candidato à Presidência da República. Ao olhar para a lista de candidatos, percebe-se que passou a haver uma banalização da democracia, onde qualquer um acha que pode concorrer. Ao assistir a debates com um formato “tudo ao molho e fé em Deus” e com intervenções irrelevantes e despropositadas, sinto que se gera uma indiferença nos eleitores até pelas propostas dos candidatos.
O comentador e o candidato não são a mesma pessoa? Outro dos aspectos que foram postos a nu nesta campanha foi a capacidade que os candidatos têm para dar o dito por não dito. O exemplo mais flagrante é o de Marcelo Rebelo de Sousa. Para tentar “agradar a gregos e a troianos”, o ex-comentador foi capaz de mudar de opinião em assuntos de matriz ideológica. Sempre que é confrontado com um assunto mais polémico e o entrevistador o questiona sobre se, caso fosse Presidente, promulgaria ou vetaria esta ou aquela medida, o professor limita-se a dizer que seguirá sempre a decisão da Assembleia da República. Ou seja: o comentador Marcelo Rebelo de Sousa tinha opinião sobre tudo em geral; o candidato Marcelo Rebelo de Sousa não tem opinião sobre nada em particular. Caso vença as eleições, será certamente por ser o mal menor e, acima de tudo, por falta de comparência de candidatos com perfil para o cargo.